Jovens acreditam no poder da educação para combater “jeitinho” 11/12/2019 - 15:01

A confiança na educação para mudar a “cultura do jeitinho” ficou evidente nos textos do 1º Concurso de Redação da Controladoria-Geral do Estado, produzidos por alunos do último ano do Ensino Médio e Técnico, do Colégio Estadual do Paraná. Os dez vencedores foram anunciados durante o 2.º Simpósio Paranaense de Combate à Corrupção e receberam bolsas para continuar os estudos.
O concurso foi idealizado pela CGE para chamar os adolescentes para a discussão dos reflexos da corrupção na sociedade. “Esta ação faz parte do papel da CGE, na promoção do comportamento ético e do exercício da cidadania, com a participação da sociedade”, afirmou o diretor de Gestão e Inovação e integrante da comissão avaliadora, Jamil Abdanur Júnior.
Os três primeiros lugares ficaram com Ângela Pienegonda Terres, Guilherme Antunes e Maria Clara Xavier de Souza. “Ao contrário do que admite o senso comum, a corrupção não nasceu junto aos políticos, sua origem é a sociedade, que por meio de pequenas infrações sustenta uma cultura de ‘jeitinho’”, escreveu Ângela em sua introdução.
A maioria dos alunos não restringe a corrupção a círculos políticos. Guilherme escreveu que “(...) questiona-se o governo, como observa-se nos protestos atuais, mas são culturais as tentativas de burlar o sistema para auferir vantagem em detrimento de outra pessoa.” Para Maria Clara, “(...) as pessoas somente olham os outros e não a si mesmos. A corrupção acontece em todos os âmbitos da sociedade, e, ao que parece, o Brasil tem uma aptidão especial à essa situação. Aos poucos, isso acontece no cotidiano, desde um mau comportamento no trânsito, até em uma vantagem na empresa.”
Os outros ganhadores, de acordo com a ordem de classificação, foram: Giuliana Tuler de Oliveira, Bruna Teixeira Amorim, Giovani Trierweiler Alves, Matheus Eduardo Antunes Gomide, Luciano Augusto Gasparin, Matheus Kleves Caetano Gonçalves e Maísa Ribeiro Leone Silva.
PREMIAÇÃO – Todos receberam bolsas para qualquer curso da Faculdade de Pinhais (Fapi), com percentuais escalonados.  Os cinco primeiros também receberam bolsas para o Centro de Línguas e Interculturalidade (Celin) da Universidade Federal do Paraná. A empresa Dataenter cedeu bolsas para cursos profissionalizantes aos quatro primeiros colocados. As redações vencedoras foram transcritas em painéis que foram expostos no 2.º Simpósio Paranaense de Combate à Corrupção.
ORGANIZAÇÃO – A Coordenadoria de Transparência e Controle Social da CGE organizou o concurso e ficou responsável por montar a comissão que selecionou as dez melhores redações. “Percebemos o alto nível de consciência dos alunos quanto à necessidade de combater a corrupção para melhorarmos o país. A maioria delega à família e à escola o papel de orientação para a legalidade e coação a atos ilegais e de desvios de conduta”, comentou o coordenador Matheus Gruber.
O tema proposto foi “A corrupção, seus reflexos comportamentais e impacto na sociedade”, que deveria ser desenvolvido em texto dissertativo-argumentativo, de no máximo 30 linhas. Perto de mil alunos participaram do concurso. Os professores de língua portuguesa do Colégio Estadual fizeram a primeira avaliação, e a comissão, formada por profissionais da CGE e professores, avaliou os 68 textos enviados pelo Colégio Estadual do Paraná, que mais se aproximaram da proposta.
Para Gruber, além de levar a reflexão para dentro da sala de aula, o concurso deu oportunidade para esses jovens continuarem com sua formação acadêmica. “É essencial a participação da sociedade na construção de um país mais íntegro e ético. Esses estudantes mostraram que estão dispostos a mudar a situação atual”, comentou.
O aluno Matheus Gomide atribuiu ao incentivo dos professores a vontade de escrever sobre o momento atual do Brasil. “Escrevendo a redação e depois vendo a dos outros colegas faz a gente refletir: o mundo somos nós que vamos fazer. Daqui há cinco ou 10 anos vamos estar aí, fazendo acontecer tentando mudar o cenário atual”, declarou Matheus, que hoje com 18 anos, pretende ser juiz ou desembargador e, talvez, ingressar na carreira política.
PARCERIA – Participaram da viabilização desse projeto a diretora-geral do Colégio Estadual do Paraná, Tânia Maria Acco, as professoras Camila M. Pasqual e Ilcéa Domingues, da coordenação de Língua Portuguesa, e os docentes que conduziram este trabalho em sala de aula: Andréa Garcia Zelaquett, Gerson Lopes de Oliveira, Ilcéa Domingues Pereira, Joseli Rolim de Moura, Márcia Cristina Lanzarini, Vanessa de Cássia Mendes Chueh Beja, Claudia Andrea Monge Degen, Ana Patrícia da Conceição Souza e Jaime das Almas Santos.
A comissão avaliadora, constituída pela CGE, foi formada pela professora Maria Iliane Borba Macuco, da Fapi, e pelos servidores da Controladoria: coordenador de Transparência e Controle Social, o advogado Matheus Gruber; pelo diretor de Gestão e Inovação, o professor universitário Jamil Abdanur Júnior; pela assessora técnica e advogada Anne J Mosca; por Léia Castellar, formada em Gestão Pública e integrante da coordenadoria de Desenvolvimento Profissional; e pelo jornalista Fábio Schäfer.

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