Simpósio mostra a importância do compliance da formação de cultura anticorrupção 10/12/2019 - 17:55

A consciência de um comportamento ético individual é capaz de transformar a cultura de uma sociedade, é um dos conceitos comuns entre os profissionais que apresentaram teorias e experiências no 2.º Simpósio Paranaense de Combate à Corrupção – Fazendo a coisa certa. O evento, promovido pelo Governo do Paraná, por meio da Controladoria-Geral do Estado (CGE), reuniu cerca de 450 participantes, na segunda-feira (09), em Curitiba.
O simpósio foi direcionado a servidores e à população e aprofundou o debate sobre mecanismos que inibem atos ilícitos, o papel do controle social e a ideia do “jeitinho brasileiro”. “A sociedade precisa se envolver, trabalhar em conjunto e ajudar os governos, assim como a iniciativa privada precisa participar efetivamente do combate à corrupção”, afirmou Darci Piana, vice-governador do Estado, que abriu o evento.
O controlador-geral do Estado, Raul Siqueira, está em curso em Copenhague, na Dinamarca, oferecido pela Transparência Internacional. De lá, mandou um vídeo agradecendo a participação e o apoio para o evento.  “O nosso desejo é que possamos ser referência em transparência e governo aberto. Este simpósio representa a consolidação do trabalho realizado pela CGE de disseminar a cultura do fazer o que é correto e justo. De nada adianta passarmos pela vida se não deixarmos um país melhor para nosso filhos e netos”, declarou.
Também participaram da abertura do simpósio o diretor-geral da CGE, Osmar Baptista Júnior, o diretor jurídico da Celepar, André Tesser, e, representando o sistema Fiep, o gerente executivo Jurídico, de Riscos e Compliance, Marco Antônio Guimarães.
CONCURSO – Alunos do Colégio Estadual do Paraná fizeram apresentação musical antes das palestras e da premiação de seus 10 colegas, ganhadores do 1º Concurso de Redação da Controladoria-Geral do Estado. Perto de mil estudantes do último ano do Ensino Médio e Técnico participaram do concurso. Eles concorriam a bolsas de estudo para a Faculdade de Pinhais (Fapi), para o Centro de Línguas da Universidade Federal do Paraná e para cursos profissionalizantes da Data Enter.
Os três primeiros lugares ficaram com Ângela Pienegonda Terres, Guilherme Antunes e Maria Clara Xavier de Souza. “Ao contrário do que admite o senso comum, a corrupção não nasceu junto aos políticos, sua origem é a sociedade, que por meio de pequenas infrações sustenta uma cultura de ‘jeitinho’”, escreveu Ângela na introdução de seu texto. Sua reflexão foi ao encontro dos objetivos do simpósio e pôde ser percebida nas palestras.
INDIGNAÇÃO – O antropólogo Professor Marins, autor de vários livros e que mantém canais em redes sociais, foi o primeiro a falar. “A indignação do brasileiro vem de nunca poder fazer valer seus valores, que são de honestidade, lealdade e ética. Temos que propor um pacto ético com todos e punição severa aos não éticos”, disse Marins. “Honestidade é um valor moral, mas o que é honestidade para cada pessoa, como é a prática desse valor?”
Ele citou a crise de credibilidade provocada pela falta de resultados efetivos e comentou que debates como o promovido pelo 2º Simpósio de Combate à Corrupção são fundamentais neste momento do país. “A gente tem que começar a pensar e a ver que atitudes não éticas são prejudiciais para todo mundo”, disse Marins.
INSTITUIÇÕES – A Controladoria-Geral da União foi representada por André Rolim Romagna, superintendente substituto da regional do Paraná, disse que este ano foram mais de 50 operações conjuntas com a Polícia Federal e o Ministério Público Federal. “O combate à corrupção está ocorrendo. A punição é um fator importante, pelo seu caráter dissuasivo. A empresa ou o indivíduo fica desestimulado a cometer ato de corrupção se houver risco maior de ele ser pego”, comentou. Ele também falou sobre o trabalho de prevenção feito em escolas.
Vicente Loiácono Neto, diretor de Governança, Risco e Compliance, da Copel, detalhou o fortalecimento do programa de integridade da empresa. “A Copel tem um Comitê de Orientação Ética para revisitar e trazer o que há de mais moderno para atualizar o código de conduta. Também adotamos canal de denúncia independente, contratado por licitação, e temos um cuidado muito grande com o anonimato e dados do denunciante. É uma ferramenta que funciona”, declarou Vicente.
COMPLIANCE – Um dos temas mais comentados no 2.º Simpósio Paranaense de Combate à Corrupção foi o compliance, programa adotado este ano pelo Governo do Estado, com força de lei. Wagner Giovanini, autor do livro Compliance – A excelência na prática, explicou que o conceito surgiu nos anos 70, nos Estados Unidos, depois do caso Watergate.
Ele explicou que é importante propiciar à pessoa fazer a coisa certa e o compliance ajuda nessa tarefa ao estabelecer limites concretos entre o certo e errado. “Antes de fazer algo, a pessoa deve se perguntar se poderia compartilhar essa ação com a família e em redes sociais sem se sentir constrangido. Como terceira avaliação, se seu concorrente fizesse o mesmo, o que você faria?”, detalhou.
Para ele, o maior desafio para quem trabalha no ramo de compliance é convencer as pessoas que o programa é bom e que ele pode contribuir para a construção de um país melhor. “É preciso sensibilizar as pessoas para que elas queiram fazer a coisa certa e percebam que isso é bom para elas, para a família e para o país”, disse Giovanini.
ALMA – O compliance humanizado foi reforçado pela especialista Flávia Malucelli, sócia da Titan Consulting, e pelo professor de ética e especialista em desenvolvimento humano, Valter Otaviano. “É preciso mudar paradigmas, quando falamos em cultura organizacional. Todos têm que estar alinhados e saber que é o compliance é necessário. A pessoa deve aplicar o compliance dentro de sua casa e em sua vida, para que isso reflita em seu trabalho”, afirmou Flávia. Em uma estrutura administrativa, para ela, o mais importante é a alta direção estar comprometida com o compliance.
Otaviano explicou o conceito de “compliance com alma”. “O compliance precisa sair do papel e aparecer no comportamento e no modelo mental das pessoas. As empresas envolvidas na Operação Lava Jato tinham compliance e código de conduta. Isso mostra que não basta ter o conteúdo no papel é preciso que as pessoas se tornem melhores, com a aplicação do compliance”, disse o professor.  
AGRADECIMENTOS - A CGE agradeceu a parceria com o Colégio Estadual do Paraná, e patrocinadores e apoiadores: Copel, Sanepar, Celepar, Fomento Paraná, FIEP, Compagás, Fecomércio, Controladoria-Geral da União, Escola de Gestão do Paraná, Escola de Liderança do Paraná, a Faculdade de Pinhais (Fapi), o Celin da Universidade Federal do Paraná e a empresa Dataenter.

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